Vou-te contar
Vem, vou-te contar,
Por dentro dos meus sonhos,
Como que uma aurora,
Chegou de longe e veio p’ra me ver.
Que envergonhada eu fui e agora,
.
Vem, vou-te contar,
Atravessou os meus versos, fez-se luz,
Beijou-me as mãos,
Deixou-me o seu perfume,
Negro lume a entrançar
Bem devagar
As linhas leves da minh’ alma,
Folhas da minh’ alma,
Versos só de calma
E fez lugar do que era meu
E rescreveu, qual mão de Deus,
As pedras que eram dor no meu caminho
E eu cega de paixão e de desejo,
Dei-lhe um beijo sem querer.
.
Parou o tempo aqui na minha boca
E, meu amor, que aconteceu
Que tudo o que foi nosso
à frase rouca de um adeus em ti morreu?
Então olha os meus olhos
E hoje vem, vou-te contar.